CULTURA POPULAR
Lia de Itamaracá
Uma lenda da música pernambucana e brasileira. Na ciranda desde os 12 anos, sendo imortalizada pela célebre composição do Mestre Baracho, a dos versos famosos: \"Esta ciranda quem me deu foi Lia/Que mora na Ilha de Itamaracá\", Lia gravou um disco nos anos 70 e sumiu da mídia, para somente reaparecer em 1998, como atração do Abril pro Rock. Dois anos depois ela gravou o disco Eu sou Lia, com texto de apresentação de Herminio Bello de Carvalho. A partir daquela apresentação no festival APR, Lia passou a ser convidada para apresentações pelo Brasil afora, e no exterior, onde seu disco foi lançado. A humilde merendeira de uma escola na Ilha de Itamaracá, hoje é dona de uma medalha do Mérito Cultural, que lhe foi entregue pelo Presidente Luis Lula Inácio da Silva, e em 2005 foi considerada Patrimônio Vivo da cultura de Pernambuco. Aos 60 anos, Lia esta em plena atividade e com saúde para muitos mais anos de coco, ciranda e maracatu.
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Lia de Itamaracá Capiba
Minha ciranda
Minha ciranda não é minha só
Ela é de todos nós
A melodia principal quem
Guia é a primeira voz
Pra se dançar ciranda
Juntamos mão com mão
Formando uma roda
Cantando uma canção
O jornal The New York Times a chamou de 'diva da música negra'. O francês Le Parisien comparou sua voz à da cabo-verdiana Cesária Évora. No Brasil, críticos de música comparam-na a Clementina de Jesus. No entanto, ainda há quem duvide que a cirandeira Lia de Itamaracá realmente exista. Para muita gente, trata-se de uma personagem que vive apenas nos versos Essa ciranda quem me deu foi Lia,/que mora na Ilha de Itamaracá, uma música de domínio público gravada pela primeira vez por Teca Calazans, em 1963. Mas Lia é real, tem 59 anos e sua existência pode ser comprovada na turnê que iniciou na semana passada pelo Brasil. Em julho, ela continuará pela Europa. Também poderá ser vista num documentário, dirigido pela cineasta carioca Karen Akerman, que dará origem a livro, CD e DVD. 'Eita! É muita felicidade!', festeja Lia. 'Nunca pensei que um dia fosse virar uma estrela de cinema.'
Maria Madalena Correia do Nascimento nasceu no dia 12 de janeiro de 1944, na ilha de Itamaracá, Pernambuco.
Sempre morou na Ilha e começou a participar de rodas de ciranda desde os 12 anos de idade. Foi a única de 22 filhos a se dedicar à música. Segundo ela, trata-se de um dom de Deus e uma graça de Iemanjá.
Mulher simples, com 1,80m de altura, canta e compõe desde a infância e hoje é considerada a mais famosa cirandeira do Nordeste brasileiro.
Trabalha como merendeira numa escola pública da rede estadual de ensino e, nas horas vagas, dedica-se à musica e à ciranda, além de cantar e compor cocos de roda e maracatus.
A compositora Teca Calazans foi uma das primeiras pessoas interessadas na cultura popular nordestina a descobrir o seu talento e acabaram fazendo alguns trabalhos em parceria, como o resgate de músicas em domínio público e composições.
Maria Madalena começou a ficar conhecida como Lia de Itamaracá, nos anos 1960 e é a fonte de um refrão famoso, recolhido pela compositora Teca Calazans: Oh cirandeiro/cirandeiro oh/ a pedra do teu anel brilha mais do que o sol. A estes versos Teca incorporou uma toada informativa, que também teve grande sucesso: Esta ciranda quem me deu foi Lia/ que mora na ilha de Itamaracá.
Em 1977, Lia gravou seu primeiro disco, intitulado A rainha da ciranda, não recebendo, no entanto, nenhum pagamento pelo trabalho.
Mais de duas décadas depois foi redescoberta, quando o produtor musical Beto Hees a levou para participar do festival Abril Pro Rock, realizado no Recife e em Olinda, em 1998, onde fez grande sucesso e tornou-se conhecida em todo o Brasil. Antes ela só era famosa em Pernambuco e entre compositores e estudiosos da cultura popular nordestina.
Em 2000, saiu seu CD Eu Sou Lia, lançado pela Ciranda Records e reeditado pela Rob Digital, cujo repertorio incluía coco de raiz e loas de maracatu, além de cirandas acompanhadas por percussões e saxofone.
O CD acabou sendo distribuído na França por um selo de world music e a voz rascante de Lia chamou a atenção da imprensa internacional, que começou a batizar suas canções de trance music, numa tentativa de explicar o “transe” que o som causava no público.
Mesmo obtendo um sucesso tardio, fez turnês internacionais obtendo muitos elogios. O jornal The New York Times a chamou de “diva da música negra”.
No Brasil, Lia também conquistou mais espaço. Participou com uma faixa no CD Rádio Samba, do grupo Nação Zumbi, teve seu nome citado em versos dos compositores pernambucanos Lenine e Otto, e críticos de música a comparam a Clementina de Jesus.
As cirandas pernambucanas de Lia são cantadas por muitos. Referencial da cultura pernambucana, Lia de Itamaracá, hoje, é uma das lendas vivas do Estado e continua morando na ilha de Itamaracá.
(Paulinho da Viola)
Eu sou Lia da beira do mar
Morena queimada do sal e do sol
Da Ilha de Itamaracá
Quem conhece a Ilha de Itamaracá
Nas noites de lia
Prateando o mar
Eu me chamo Lia e vivo por lá
Cirandando a vida na beira do mar
Cirandando a vida na beira do mar
Vejo o firmamento, vejo o mar sem fim
E a natureza ao redor de mim
Me criei cantando
Entre o céu e o mar
Nas praias da Ilha de Itamaracá
Nas praias da Ilha de Itamaracá
Aprenda mais sobre a ciranda e sobre Lia de Itamaracá:
https://www.youtube.com/watch?v=JqjWRRl2zGY
https://www.youtube.com/watch?v=QjlmRDk9ktI
Um comentário:
Parabéns pelo blog, Gilmara! A arte nos atrai e nos envolve sobremaneira e ele tem essa força também. Abraços. Rosária Callil
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